terça-feira, 10 de julho de 2012

TOC


Há uns anos foi-me diagnosticado um qualquer trasntorno obsessivo compulsivo. Na altura não tocava em pessoas (só nas mais próximas), lavava constantemente as mãos, não frequentava sítios fechados com muita gente e contava tudo o que me aparecia à frente (escadas, janelas, portas...). Foi-me dito que não era nada de especial e realmente em nada interferiam na minha vida. Aliás acho que consegui melhorar em muitos aspectos. Hoje em dia toco em pessoas e não ando sempre a lavar as mãos. Já em relação às contagens tem vindo a piorar e tem interferido bastante com o meu bem-estar.

É um bocado difícil conseguir-me fazer explicar mas vou tentar (preciso "falar" sobre isso e não quero ir a ninguém especializado).

  • se vou a um jantar ou a uma festa conto as pessoas que lá estão. Depois vejo quantas são do sexo masculino e quantas são do feminino. Mais ou menos de dois em dois minutos reconto-as e consigo passar uma noite inteira nisto. Não me divirto tal é a obsessão com a contagem.
  • se estou em casa, a minha cabeça está permanentemente a contar as divisões da casa. Porra, estou farta de saber que são 15 divisões, porque raio começo sempre a pensar "cozinha-1, sala-2, escritório-3, etc";
  • ver filmes ou ler livros tornou-se uma verdadeira tortura. Alguns aspectos em relação a isto:
          1- Aparece uma frase. Conto as palavras dessa mesma frase. Se forem 7 repito a frase para mim até a fixar completamente (entretanto já perdi uma boa parte do filme). Fixei a frase e aparece uma nova. Nova contagem. Se não tiver 7 palavras siga. Se tiver fixo a nova frase. E repito as duas que já fixei. Nova frase e repito o procedimento. Chega uma altura que estou a repetir imensas frases, perdi o filme e fico completamente louca quando esqueci alguma.
          2- Começo a contar os personagens que vão aparecendo. Sempre que aparece um novo enumero todos os anteriores e as relações entre eles.
          3- Se fizerem referência a uma data então o meu cérebro não pára. Imaginem esta situação: "A Mariquinhas nasceu em 1958 e casou em 1981". O que o meu cérebro faz automaticamente: "então tem 54 anos e casou com 23 anos. Logo está casada há 31 anos". E aparece uma nova data e novamente contas e outra e outra e outra.

Tudo isto é completamente extenuante e não me sinto relaxada em nenhum sítio.

Há muitas mais situações mas acho que já deu para perceber a ideia.

Já devem estar a pensar: "esta mulher é maluquinha por completo", certo?

1 comentário:

Unknown disse...

É a psicose da contagem, da separação, da triagem e da análise (envolvendo talvez também o controlo de qualidade). Em suma, metodologia da observação.